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Dilema do passeador: dar mais atenção ao celular ou aos cachorros?

Foi-se o tempo em que o cachorro era chamado de “melhor amigo do homem”. Hoje a frase soa bonito, mas não corresponde à realidade. O amado totó foi desbancado pelo telefone celular. Ou seja, dá para viver sem cachorro, mas jamais sem celular. Há até casos de convivência pacífica entre ambos. Por exemplo, quando um passeador caminha pelas ruas. Com uma mão puxa um punhado de guias presas a cachorros aloprados e com a outra leva o celular à orelha, lê ou dedilha mensagens.

O famoso aparelhinho é inseparável de qualquer proprietário (não seria mais apropriado chamá-lo de tutor?). Como velho companheiro presente em todos os momentos, em público emerge do bolso em algum momento. Na privacidade, compartilha da mais completa intimidade.

No início o celular servia só para ligações telefônicas, mas aos poucos expandiu as atividades. Passou também a fotografar, filmar, registrar palavras e vozes, fazer compras, pagar contas, reproduzir vídeos. É acusado de inimigo da produtividade, reduzindo atenção nos estudos, trabalho, vida social e familiar. Ainda por cima nos últimos temos o apetrecho resolveu nos trair, pois espiona nossos hábitos, principalmente os de consumo. Se você comentar sobre “sapato” vai receber uma enxurrada de ofertas na telinha com todo tipo de calçados.

Definitivamente a criatura se voltou contra o criador. De companheiro confiável, está virando inimigo. (Se não chega a Big brother, é no mínimo um Little Brother). É testemunha silenciosa, mas constante, de nossos atos, dos mais nobres aos inconfessáveis. Afinal, passa 24 horas, 7 dias da semana, grudado, dorme e acorda conosco, conhece mais sobre nosso comportamento que nós mesmos. Microfones e câmeras em alerta, registra cada passo, cada palavra. Tornou-se um fofoqueiro eletrônico em potencial.

Por isto não convém confiar na discrição e fidelidade do celular. Cedo ou tarde pode produzir constrangimentos, inimizades e, em casos radicais, até cadeia. Basta um comentário negativo ou imagem imprópria para o circo pegar fogo. Neste quesito o fiel cachorro é imbatível. Vive ao nosso lado a vida toda, vê e ouve as coisas mais escabrosas

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