Recentemente Itu, a cidade paulista localizada a uma hora da capital, testemunhou um lamentável incidente. Um candidato a Prefeito ofendeu de forma grosseira e preconceituosa outro durante debate de campanha eleitoral da cidade.
O episódio chama a atenção por dois aspectos.
O primeiro deles é obviamente o fato em si. Espelhando a onda de baixaria que invadiu a política no Brasil , o comportamento vergonhoso demonstra faltar ao ofensor um mínimo de civilidade. E por isso sequer merece que o caso seja reproduzido aqui.
A segunda questão, e que nos interessa mais de perto, é a repercussão que esta situação recebeu da imprensa nacional. Da noite para o dia o país inteiro tomou conhecimento, em detalhes, da selvageria, associando o nome de Itu a ela.
Patacoadas
Sem dúvida pesou o inusitado da situação, mesmo em tempos tristes em que o Brasil se acostumou a ouvir as piores patacoadas das autoridades maiores do país. Por isto, estava predestinado que o grotesco episódio local virasse notícia jornalística nacional.
Há aqui uma outra questão. Se não fosse em Itu, será que esta história ganharia tamanha dimensão e ocuparia tanto espaço editorial fora da cidade? Provavelmente não.
Esta não é a primeira vez, nem a última que o que ocorre em Itu ganha destaque no país.
A razão é que Itu não é uma cidade qualquer. Está na memória de todos os brasileiros, seja pela sua importância histórica, seja pelo ponto de vista político ou econômico. Há ainda a tradição religiosa, fazendas, gastronomia. E claro, tem o apelo simpático de lugar onde proliferam os exageros, desenvolvido pelo talentoso humorista nativo Simplício.
Este é o tipo do legado que qualquer município sonha em conquistar. E que Itu tem de mãos beijadas: um nome reconhecido por todo o país, capaz de se transformar em notícia, mesmo que em circunstâncias equivocadas.
Cidades, como pessoas, têm personalidade própria. A maioria delas é tão opaca que até se confunde com outras. Ou então, por mau comportamento, ganham péssima fama.
Há ainda as que recebem um banho de marketing e se tornam símbolo de alguma coisa. Até mesmo uma fruta. Como New York, que se equipara a uma maçã a ser devorada, numa referência à sua diversidade cultural e de atrações.
Poucas cidades têm brilho próprio como Itu. Apesar disso, nenhuma administração pública até hoje conseguiu captar esta oportunidade em prol de seu desenvolvimento, em especial o Turismo. No máximo alguns promoveram iniciativas isoladas que não conseguem se manter em pé por muito tempo. Estão fadadas ao fracasso.
Por quê? Falta um planejamento integrado e profissional, capaz de alavancar todos os setores econômicos – e são muitos! – que se beneficiam do Turismo. Uma pena. Poderiam criar um círculo virtuoso do progresso, que seria repassado para o bem-estar da população.
Itu não está sozinho nesta abordagem obtusa. Apenas reverbera um modelo comum, mas que se mostrou ineficaz em todo o país, que é tratar o Turismo com amadorismo.
Enquanto isto, outros países, muitos como menos recursos a oferecer que o Brasil, aprenderam a lição. Resultado: colhem frutos em número de visitantes e resultados financeiros.
Como no futebol, todo brasileiro acha que entende do assunto. A diferença é que em Turismo os aprendizes de feiticeiro, alguns até bem intencionados, quando guindados a postos governamentais, ganham o título de “Autoridade”.
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Ótimo artigo. Só falta a conclusão. O
Final do filme. O que e como fazer p mudar a lamentavel situação do TURISMO BRASILEIRO.