Você entra no avião e descobre que tem uma pessoa terrivelmente resfriada na poltrona ao seu lado ou em fileiras próximas. O tal passageiro não para de espirrar, tossir, assoar o nariz, fungar. Você dá uma olhada em volta e confirma que a aeronave está totalmente lotada. E não dá para escapar da situação explosiva. Compromissos inadiáveis o aguardam no destino, impedindo tomar outro voo.
E agora? Dá para viajar confinado em espaço reduzido e respirar o mesmo ar ao lado do passageiro infectado sem sofrer consequências? Quais as chances de você já chegar contaminado no destino?
Se não há uma boa notícia, há pelo menos uma menos ruim. É que a área de risco nestes casos não cobre o avião inteiro, mas só para quem está mais próximo ao enfermo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, só quem se senta na mesma fileira e até duas à frente ou duas atrás corre perigos de transmissão. Há estudos que restringem o espaço de vulnerabilidade só se sentar ao lado ou diretamente atrás da pessoa com vírus.
Mesmo que não seja esta a situação, pode haver contaminação em avião se o doente passar pelo corredor. Neste caso, dizem especialistas, é melhor viajar junto à janela, e se possível ficar ali até o final do voo. Ou seja, ir ao banheiro nem pensar. Máscaras faciais também não resolvem, pois são acusadas de ineficiência.
Somem-se três preocupações. Primeiro, cuidado com a mesinha à frente do assento. Segundo, evite colocar as mãos em maçanetas e trincos de banheiros. Terceiro, dispense o braço compartilhado da sua poltrona. Os três, dizem estudos, são reconhecidos focos de contaminação em avião. Ok, antes ou depois de tocar qualquer um deles, a alternativa é higienizar com álcool-gel. A contraindicação de procedimento tão radical é você ser percebido pelos demais passageiros como um destes esquisitões hipocondríacos. Mas em emergências é melhor ganhar má fama do que arriscar sua saúde.
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Outra recomendação. Jamais caia no erro comum de escapar da contaminação ao canalizar a saída individual de ar acima da poltrona sobre você. O efeito será justamente o oposto. Ao invés de soprar um fluxo de ar mais limpo, este processo vai capturar e remeter o ar viciado das proximidades sobre sua cabeça.
Como não poderia deixar de ser, representantes da indústria aérea logo trataram de minimizar o problema. Apontam pesquisas de que há um risco muito baixo de transmissão de doenças dentro das aeronaves. Alegam que a recirculação do ar nas cabines adota eficientes filtros de ar, capazes de esterilizar e eliminar partículas indesejáveis. Neste caso, rebatem críticos, o que acontece enquanto o avião está em terra, antes da decolagem, e o sistema ainda não está operacional?
A IATA, agência internacional de transporte aéreo, ressalva que não é exclusividade dos aviões a existência de espaços confinados que tem igual potencial de contaminação. Sim, é verdade que ônibus, trens, cinemas, teatros e metrôs criam situações similares de exposição ao risco que as aeronaves. A diferença, destacam cientistas, é que há fatores nos aviões que aumentam a possibilidade de contaminação.
O ar seco das cabines favorece a sobrevivência de vírus. Além disso, a baixa umidade das cabines irrita membranas e mucosas nasais, da boca e da pele. Isto leva o passageiro a se coçar e até produzir pequenos cortes que se tornam ambiente ideal para o vírus se instalar e propagar.
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O que fazer? Em tempos de vírus perigoso solto pelo ar a prevenção e profilaxia não oferecem garantia absoluta de resolver o problema. Nestes casos a Sorte ainda é a companhia ideal para embarcar ao seu lado no próximo voo.
2 Comments
Ótimo trabalho!
Após perder muito tempo na internet encontrei esse blog
que tinha o que tanto procurava.
Gostei muito.
Meu muito obrigado!!!
Obrigado! Abraços