CRUZEIROS: Navegar (apesar de tudo) é preciso! PARTE 1
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MAU TEMPO - A pandemia tirou os cruzeiros do rumo e agora ninguém se atreve a prever o futuro da indústria

(Reprodução de matéria publicada na revista Viagens S.A., aqui dividida em duas partes)

PARTE 2 –  NAVEGAÇÃO COMPLICADA 

Em uma radiografia dos cruzeiros no Brasil, saltam aos olhos os custos absurdos que a indústria enfrenta, e que tornam o país muito pouco competitivo em relação a outros destinos mundiais.

Os impostos são o primeiro fator de desvantagem. Por exemplo, aqui as mercadorias vendidas nos navios são sempre taxadas em 35%, e o combustível, em 18%. Enquanto isto, estes itens são isentos de impostos no exterior.

ASSIM NÃO DÁ – Os custos operacionais e com impostos dos cruzeiros no Brasil são 40% maiores que no exterior.

A regulação trabalhista é outra situação “jaboticaba” – só existe no Brasil. Tripulantes contratados no país, apesar de sujeitos às leis internacionais, no desligamento querem obter os benefícios da legislação brasileira. Esta ambiguidade é fonte de 1400 disputas na Justiça, e trazem prejuízos à indústria de R$ 150 milhões. Há também a exigência dos sindicatos de portos de contratações 3 vezes acima do adotado no exterior. Da mesma forma os serviços de praticagem são extorsivos: custam 4 vezes mais que em outros países.

BAIXA INTEGRAÇÃO

A integração com a aviação, vital para o acesso de todo o país aos cruzeiros, ainda deixa a desejar. Faltam voos, assentos, e preços acessíveis.

POUCA SINERGIA – A reduzida integração com a aviação afeta a diversificação de roteiros dos cruzeiros no país.

Para piorar, o presidente da CLIA estima que o custo Brasil torna os cruzeiros 40% mais caros que no resto do mundo.

Nem sempre foi assim. Nos últimos 20 anos, o mercado de cruzeiros marítimos parecia crescer de vento em popa. Embaladas por promessas públicas de investimentos em infraestrutura, grandes empresas globais, como Costa Cruzeiros, MSC e Royal Caribbean, trouxeram ao país seus melhores navios.

Na temporada 2010/2011, 20 navios chegaram ao país para atender mais de 800 mil passageiros. Desde então, os números caíram. De 2016 para cá persistem sete embarcações, frequentadas por 400 mil cruzeiristas – metade de oito anos atrás.

BYE BYE, BRASIL

Onde foi parar este exército de cruzeiristas brasileiros sumidos? Pelo menos 125 mil deles (25%) escolheram destinos internacionais. A indústria explica o fato de forma otimista. Eles teriam se encantado tanto com o produto que quiseram expandir suas experiências náuticas no exterior. Para René Hermann, da Costa Cruzeiros, diferente da operação no Brasil que se estende por alguns meses, a europeia dura o ano inteiro. Portanto, abre mais alternativas de embarque.

REVOADA – como andorinhas que buscam verão, os cruzeiristas brasileiros cada vez mais optam por ares internacionais.

Ricardo Amaral, da R11 Travel, credita esta tendência por experiencias internacionais a um movimento natural de evolução. “Os brasileiros querem conhecer novos roteiros e lugares, com diferenciais na gastronomia, atendimento, estrutura dos portos, em uma boa relação custo-benefício.

Por que empresas do porte da NCL e Royal Caribbean não operam também no Brasil? “A limitação de estrutura, custo operacional e inseguranças jurídicas dificultam a decisão”, explica Estela Farina, da NCL. “Infelizmente a operação no Brasil tem um custo maior que outros mercados. A complexidade tributária e trabalhista prejudica a competitividade do Brasil”, complementa Ricardo Amaral, da Royal Caribbean.

É PRA LÁ QUE VOU

Enquanto o Brasil pisca, os cruzeiros no exterior arregalam os olhos. Não faltam viagens para todos os gostos, em pequenos ou grandes navios. Isto muito perceptível no segmento do luxo. Dois exemplos são as agências Pier 1 e Velle. Ambas representam cruzeiros sofisticados. “Há um aumento pelo interesse nos cruzeiros fluviais pelos rios da Europa”, revela Thiago Vasconcelos, da Pier 1. Ricardo Alves, da Velle, comenta que este tipo de cruzeiro de rio atrai um perfil de viajante mais experiente, com interesse em cultura e gastronomia. “Já os cruzeiros marítimos são voltados aos que buscam desbravar destinos, mas não abrem mão do luxo e conforto ao visitar destinos exóticos como Polo Norte, Ártico, ou fiordes noruegueses”.

UM MILAGRE POR DIA – como flor que nasce entre rachaduras, os cruzeiros no Brasil apostam em dias melhores.

ESPERANÇA?

Neste interim, os cruzeiros no Brasil permanecem no radar do futuro, à espera de ventos favoráveis. As empresas presentes continuam a apostar no país. Em 2018/2019 serão sete navios com 26 mil leitos, que vão percorrerão 133 roteiros com 570 escalas. Trata-se de um bom crescimento de 15% em relação ao ano anterior.

Para melhorar a receita, Marco Ferraz da CLIA sonha em adicionar um destino por ano. Como Florianópolis, agregada na temporada anterior. Estão na mira São Francisco do Sul (Santa Catarina), Arraial do Cabo (Rio de Janeiro), Guarapari e Vitória (Espírito Santo), Barra Grande, Morro de São Paulo e Itaparica (Bahia), Aracaju (Sergipe).

“O viajante está mais ciente das vantagens dos cruzeiros marítimos. Eles são verdadeiros destinos em si, englobando em um único ambiente uma estrutura de hotelaria cinco estrelas com gastronomia e entretenimento diversificado”, explica Renê Hermann. “Este é o momento para se trabalhar de forma mais estratégica para ampliar a capacidade no Brasil e região, gerar mais empregos e movimentar as economias locais”, completa.

“Não faz sentido o Brasil estar fora do centro do mercado mundial de cruzeiros. Poucos países possuem um potencial tão grande e tão mal realizado”, acrescenta Estela Farina.

“O Brasil é estratégico para a MSC Cruzeiros, onde é líder de mercado. Continuamos a apostar no potencial do país. A cada temporada, aumentamos a participação, trazendo o que há de melhor e mais moderno na indústria”, conclui Adrian Ursilli.

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