Quem ainda não experimentou voar pela Ethiopian Airlines não sabe o que está perdendo. A companhia aérea consegue ser aprovada com louvor em todos os requisitos que interessam o passageiro.
Vamos lá. Os aviões são excelentes, modernos, e com boa manutenção. A classe econômica não é maltratada, como virou padrão na maioria dos concorrentes. O espaço entre poltronas é mais que razoável. A tripulação é gentil e prestativa. O atendimento a bordo é competente. Até oferece um simpático kit com máscara, meia e escova de dentes. As refeições de bordo são saborosas, com talheres de metal, e com porções generosas.
Os preços da Ethiopian Airlines são muito inferiores aos da concorrência. O entretenimento a bordo é diversificado e de qualidade. O app da empresa funciona bem. Os serviços de apoio em terra são também eficientes. A empresa faz parte da Star Alliance, uma garantia de que atende os melhores critérios da aviação comercial. O que mais se pode querer de uma viagem de avião?
Infelizmente, não se pode dizer o mesmo da veterana Air France. Tudo conspira contra, principalmente quando se trata de serviço de bordo. A francesa parece que desistiu de exercer sua tradicional cortesia e gastronomia. Mesmo na classe Premium Economy, onde se esperaria um mínimo de tratamento diferenciado, a experiência é frustrante.
Exceto pelo melhor espaço entre poltronas, tudo ali é lamentável. Do atendimento arrogante ao pobre necessaire, até o antipático app impede escolher assentos horas antes do embarque.
Mas o pior mesmo na Air France é a comida. As refeições do um recente voo entre São Paulo a Paris, e a seguir entre países europeus, foram desastrosas. Teriam tudo para sacudir nos túmulos os famosos chefs que deram renome à culinária do país.
As refeições são servidas em utensílios e com talheres de plástico. Não desperta apetite nem no mais condescendente dos glutões. Quando questionei a pobreza do cardápio no voo de São Paulo, o comissário creditou o problema “ao péssimo catering dos aeroportos brasileiros”.
Em contraste, a Lufthansa pode dar aulas de hospitalidade à Air France – tanto na classe econômica como Premium. O mesmo pode-se dizer da Turkish Airlines, que combina bom atendimento de bordo com excelente gastronomia. A própria Ethiopian Airlines, apesar da pouca vivência internacional e origem em país com graves dificuldades econômicas, apresenta muitos acertos e imensa boa vontade.
O calcanhar de Aquiles da empresa etíope é a escala no Aeroporto de Adis Abeba. As instalações modestas e o ambiente tumultuado dão má impressão ao viajante acostumado a terminais modernos e sofisticados. No entanto, isto serve ainda mais de estímulo para voar pela Ethiopian Airlines. Afinal, escolher a companhia aérea significa injetar vitais recursos financeiros para ajudar a economia carente deste fascinante país milenar.