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Turismo e terno não combinam
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ADEUS, AMÉRICA - por culpa do Governo dos EUA, o chinês, 5o maior visitante e quem mais gasta, está deixando de vir.

O número de visitantes estrangeiros aos Estados Unidos tem diminuído o seu ritmo nos últimos anos. O país apresentou em 2018 um crescimento de 3,5%, que é metade da média mundial.

Claro esta mudança de ventos não chega a comprometer os resultados em números absolutos. Ainda muito altos, mantêm os Estados Unidos como o terceiro maior destino do mundo, depois da França e Espanha. No ano passado, foram quase 80 milhões de estrangeiros que viajaram para lá, onde gastaram US$ 255 bilhões.

O problema é que quando se é gigante, a queda é pior, e a dor maior. Os brios ianques foram gravemente feridos com a tendência de seu market share mundial encolher. De acordo com a U.S. Travel Association, dos 17% alcançados em 2000, e dos 13.7% em 2015, hoje a fatia do bolo não passa dos 11.7%. Se tivesse mantido os índices de 2015, o país teria recebido mais 14 milhões de visitantes internacionais –mais de duas vezes o que o Brasil atrai por ano. E que teriam deixado na passagem quase U$ 60 bilhões.

Diante das perdas, o alarme tocou. Não é sem razão que o Turismo norte-americano anda em pé de guerra com o Governo. Acusa a Administração Trump de recrudescer decisões desastrosas na política internacional que de dois anos para cá afugentaram ainda mais o mercado internacional.

SORRISOS AMARELOS – líderes indústria vão ao Presidente atrás de políticas que estimulem a vinda de turistas aos EUA.

Nem mesmo os esforços de poderosas instituições do setor, como a U.S. Travel e Brand USA, conseguem remar contra a maré. Soa como ironia assistir aos pesados investimentos feitos pelas duas instituições para ampliar o turismo, sob o slogan “trazer o mundo para a América”.

Ninguém poderia imaginar que esta situação inusitada poderia acontecer logo com uma das mais azeitadas indústrias do Turismo do planeta. “Os viajantes vão para onde for mais fácil”, desabafou um dos executivos, de acordo com matéria na respeitada publicação do setor Skift. Só que, se depender da percepção, parece que o país está dizendo ao mundo “aqui você não é bem-vindo”.

Tome-se o que está ocorrendo entre os Estados Unidos e a China neste instante. Por conta das escaramuças contínuas do governo americano, o governo chinês está desestimulando viagens dos cidadãos ao território norte-americano. Depois de sete anos de forte expansão, a vinda de chineses em 2018 aumentou apenas 4%, com 3 milhões de desembarques contra 3,2 milhões do ano anterior.

Esta inversão de sinais preocupa por não se tratar de um público qualquer. Além de ocupar o quinto lugar em número de visitantes internacionais, os chineses são os que mais compram nos Estados Unidos. Seus gastos per capita atingem U$ 6.700 dólares, bem superiores aos U$ 4.200 em média dos demais turistas. De acordo com o Departamento de Comercio dos Estados Unidos, em 2018 nenhum povo estrangeiro deixou tanto dinheiro no país. Foram U$36,4 bilhões, mais de três vezes o valor gasto pelos brasileiros por lá.

A vida de quem depende de atrair turistas internacionais para o território norte-americano não anda nada fácil. Quando parece que a maratona para tirar visas havia atingido seu pior momento, surgem novas exigências. A mais recente é obrigar o interessado a incluir também suas redes sociais nos requerimentos.

O BATALHADOR – Roger Dow, CEO da US Travel, tenta convencer Trump sobre o peso do turismo internacional.

A Skift cita comentários de Roger Dow, presidente e CEO da U.S. Travel, na coletiva de imprensa do IPW, evento anual feito para o Turismo do país se vender ao mundo. Frustrado, o dirigente revela que a indústria gasta expressiva energia para educar a Casa Branca sobre a importância das viagens internacionais. Mas, pelos fracos resultados, intenção e boa vontade não estão sendo suficientes para mudar as coisas.

A situação experimentada pelos Estados Unidos – um país que conta com um invejável Turismo, maduro e profissional, mostra como um Governo pode ajudar ou atrapalhar esta indústria. O viajante internacional não se afasta de um destino apenas por fatores como catástrofes, violência, falta de infraestrutura, ou ausência de políticas públicas. Bastam decisões governamentais desastrosas. Afinal, ninguém quer fazer Turismo para complicar a vida. E o que não falta no planeta são alternativas de destinos.

IPW, A MISSÃO – Anualmente profissionais de todo o mundo vem conhecer os destinos norte-americanos.

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