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Está cada dia mais difícil viajar para qualquer parte da Itália sem esbarrar e até ser empurrado por hordas de turistas. Vindos de todo o mundo, estão ávidos em fotografar mais do que ver algo. Estes verdadeiros exércitos invadem cada milímetro das ruas e pontos de interesse com seus celulares e inevitáveis selfies. O excesso de turistas está destruindo o incomparável estilo de vida italiano.

PIADA MANJADA – Tirar foto fingindo empurrar a Torre de Pisa ficou mais importante que curtir o local mágico

Catedrais do lucro

Foi-se o tempo em que igrejas e catedrais históricas permitiam o acesso sem custos aos visitantes. No máximo, podiam discretamente solicitar contribuições voluntárias, depositadas em caixas em algum ponto estratégico do trajeto. Hoje, ao contrário, adotam avançadas técnicas de marketing para otimizar sua renda.

TREM LOTADO – O preço de visitar a beleza natural de Cinqueterre fica comprometida pelo excesso de turistas

CLAUSTROFOBIA – o pouco espaço para tanta gente provoca sufoco nas estações de trem de Cinqueterre

A maioria das igrejas e categrais  libera o acesso ao seu interior principal apenas para aguçar o interesse inicial. No entanto, cobra a seguir entradas em separado para o turista conhecer áreas nobres, tesouros e relíquias, e até o banheiro. Em alguns casos, como a Catedral de Pisa, é possível uma visita gratuita à sua nave, mas só com hora marcada. Como isto pode demorar até três horas, a maioria dos interessados paga a entrada para acesso imediato.

O excesso de turistas na Italia viabilizou uma florescente indústria de banheiros. Os públicos cobram entre 0,50 a 1 euro. Já bares e restaurantes criaram uma operação casada: só entra em toalete se consumir algo de sua nem sempre ortodoxa gastronomia.

SORVETE SUADO – conquistar uma casquinha na famosa sorveteria Dondoli em San Gemigliano virou troféu.

Relação amor / ódio

Criou-se assim uma contraditória relação amor e ódio dos moradores das cidades italianas com os turistas. De um lado, as invasões massivas e descontroladas desequilibram em muito a qualidade de vida, além de perturbar a paz e sossego. Mas por outro, geram excelentes negócios para hotéis, bares, restaurantes, igrejas, souvenires, e toda a indústria que vive do setor.

JOIA ESCONDIDA – A linda Perugia, na Umbria, é um raro local da Italia que ainda escapou do furor turístico.

4 Comments

  1. É, esse é um problema que Itália, algumas cidades de Espanha sentem há algum tempo, e agora também Portugal começa a sentir. Não é fácil encontrar um equilíbrio entre os benefícios e os malefícios do turismo, mas sem dúvida que algo tem de ser feito. Falta saber o quê…
    Abraço desde Portugal.

    • Sim Filipe. O que choca na Itália é que o problema ocorre em muitos lugares ao mesmo tempo e sobrecarrega a infraestrutura do país como um todo.

      • Roberto o que choca mais é a falta de visão dos brasileiros. Os gênios de plantão e autoridades não sabem aproveitar esta demanda excessiva da Europa e canalizar para o esqualito turismo daqui. Grande abraço

  2. Interessante a matéria, mas cabem algumas reflexões sobre este tema:
    Primeira: A Itália, assim como grande parte dos países da Europa, simplesmente não sobreviveriam sem o turismo. A sugestão é que se planejem e administrem seu overbooking investindo em infraestrutura e humanização nas tratativas com os turistas (a grosseria dos italianos é algo sui generis para com os turistas). Além disso, que preservem seus equipamentos e patrimônio histórico, garantindo assim sua principal fonte de divisas. Não importa se grande parte dos turistas é formada de novos ricos emergente chineses…. os preciosos Euros deles valem tanto quanto os dos demais.
    Segunda: O que sobra para Itália, França, Portugal, leste Europeu….etc se reduzissem o número de turistas? Em médio prazo algumas guerras por escassez de recursos. Assim, o turismo tem que ser fomentado com grande fonte de enriquecimento destes países, além da manutenção clara da estrutura já existente. Nunca reclamar do overbooking, Veneza afundando, etc….. investimento, planejamento, organização, estes são os pontos.
    Terceira: Enquanto estes países “lamentam” o overbooking, nós, silvícolas de terceiro mundo, com um patrimônio natural exuberante e precariamente explorado, além de ser um país continental, pelo menos vinte vezes maior em território, contentamo-nos com os meros 6 milhões de turistas internacionais, exatos 10% da quantidade da França. (dados de 2016/17)
    Assim, que tal enaltecermos o velho continente por esta capacidade de gerar divisas através do turismo e que tal também olharmos nosso umbigo e começar a trabalhar para fomentar este grande filão de mercado, geração de empregos, rendas, desenvolvimento, etc…???? Sejam os hoteleiros (mea culpa) que só pensam em si, com margens estranguladas pelas OTAS e com fôlego limitado para novos investimentos, sejam as operadoras e agências que se digladiam com as OTAS, sejam as próprias OTAS que adotam posturam de isenção de fomento do destino, pelo simples fato de apenas intermediar a negociação (aproximando o comprador do vendedor), e por fim as entidades de classe que soam como uma piada de mal gosto… apoiada nas guerras de ego de seus dirigentes. Mas este é outro capítulo.
    Fica aqui a reflexão de um hoteleiro minúsculo, mas que sofre com esta inoperância do sistema.
    Abraços