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CARTÃO POSTAL - A vista da piscina do Fairmont Rio se integra com harmonia ao mar de Copacabana e Pão de Açúcar.

Demorou, mas até que enfim a marca Fairmont chegou ao Brasil. A sua ilustre presença representa bem mais que outra inauguração de hotel refinado no país. É a chegada de uma requintada grife com riquíssima história que se inicia há 111 anos na cidade de São Francisco, Estados Unidos. Pelo papel de vanguarda, luxo, e serviço diferenciado, a marca se confunde com a própria evolução da hotelaria de luxo mundial.

A trajetória do Fairmont, hoje com 75 propriedades em 26 países, começou em 1907. Mas a rigor o início ocorreu 22 anos antes. Para isto, é preciso considerar o hotel Hamilton Princess, nas Bermudas, que abriu as portas em 1885. Trata-se de uma das unidades incorporadas pelo Fairmont em 1999, ao comprar a rede Canadian Pacific Hotels.

O nome e a fama

O nome Fairmont surge de uma homenagem póstuma das filhas ao pai, o magnata de minas e Senador norte-americano James Fair. O suntuoso hotel de 591 quartos é assim denominado por combinar o sobrenome (Fair) com uma referência à palavra “monte”, já que construído sobre uma colina da cidade. Pela arquitetura singular em localização privilegiada, logo vira ponto de referência. Esta característica de associar suas propriedades a “landmarks” vai diferenciar a rede daqui para a frente.

NÚMERO 1 – Em 1907 o Fairmont San Francisco inaugurou a marca que hoje já chega a 75 propriedades no mundo.

O Fairmont coleciona alguns dos mais icônicos hotéis do mundo, entre eles o Plaza em New York; o Savoy de Londres; o Norfold, em Nairobi; Banff Springs, no Canadá; Fairmont Peace, em Shanghai; Château Frontenac, em Quebec; ou Makkah Clock Royal Tower, na Arábia Saudita. Todos possuem um traço em comum: conectar os hóspedes aos melhores destinos do mundo. “Das praias do Havaí ou desertos dos Emirados Árabes Unidos ao coração de Londres, nossos hotéis oferecem lugares extraordinários. Foram criados pela combinação de arquitetura e estrutura únicas, decoração e arte expressivas”, explica Patrick Mendes, CEO da Accor América do Sul.

CONVERGÊNCIA TOTAL – É incompleto falar da beleza do Lake Louise sem incluir o castelo do Fairmont.

O segredo do sucesso 

O segredo do sucesso do Fairmont sempre foi o de não se impor sobre a cultura de um lugar. Levado muito a sério, este conceito o distingue da concorrência. É comum nas redes hoteleiras internacionais criar um padrão operacional e a seguir reproduzir a fórmula por todo o planeta. Mas no Fairmont, ocorre o contrário: cada hotel procura captar o espírito do destino onde está instalado. A meta é se juntar ao clima da cidade, curtir seu modo de vida, sabores, sons, percepções.

Assim, ao invés de se tornar um corpo estranho, cada propriedade busca se integrar de forma natural ao ambiente e à comunidade, até ser percebida como parte deles. Hoje, há unidades da marca até viraram ícones. Com isto, não só contribuíram para o desenvolvimento do local, como viraram uma atração em si. E isto ocorre de forma similar em todos os continentes. Nas palavras da missão do Fairmont, a meta é criar para os hóspedes “momentos que se transformem em memórias inesquecíveis”.

Os locais onde as propriedades vão operam são sempre emblemáticos, como pontos de referência da cidade, áreas de conservação, ou que estejam próximos a panoramas exuberantes. Em um século, os Fairmont conseguiram acumular desde castelos dignos de fábulas, resorts, ou construções urbanas de arquitetura altamente sofisticada.

MONET – Foi do seu quarto no Fairmont Savoy que o artista francês pintou a famosa série sobre Londres

História centenária

Em sua centenária existência, os hotéis Fairmont se acostumaram a receber celebridades, nobrezas, políticos e artistas. Foi do seu quarto no Savoy, em Londres, que o Claude Monet pintou as famosas cenas da cidade. Hospedado na cobertura do Fairmont Peace em Shangai o dramaturgo Noel Coward terminou de escrever “Vidas Privadas” em 1930, enquanto se recuperava de uma gripe. Várias fachadas e interiores de hotéis da rede foram usados como cenários de filmes.

Em 1943, durante a guerra, o Primeiro Ministro inglês Winston Churchill escolheu o Château Frontenac, em Quebec, para discutir com o presidente americano Franklin D. Roosevelt e o primeiro ministro canadense William Lyon Mackenzie a campanha das forças aliadas. Dois anos depois, foi no Fairmont San Francisco que a versão preliminar da Declaração das Nações Unidas foi redigida e assinada por 50 países.

A rede teve papel relevante durante a Segunda Guerra. Por exemplo: o Hamilton Princess em Bermuda se transformou na sede da inteligência britânica para quebra de códigos inimigos. O Fairmont Sonoma Mission, sob controle da Marinha, ofereceu hospedagem para descanso de combatentes. Já o Fairmont Royal York, em Toronto, serviu de hospital por muitos anos.

Em 1969, o protesto “Na Cama pela Paz” de John Lennon e Yoko Ono, foi encenado no Queen Elizabeth de Montreal. Foi lá também que o ex-Beatle compôs e gravou “Give Peace a Chance”, transformado em hino do movimento antiguerra. E no Fairmont da cidade Tony Bennett cantou pela primeira vez o clássico “I Left My Heart in San Francisco”.

“NA CAMA PELA PAZ” – A campanha de Lennon com Yoko ocorreu no Fairmont Queen Elizabeth, Montreal.

Fairmont no Rio

É a este seleto grupo que agora se une o mais jovem membro da família: o Fairmont Rio de Janeiro Copacabana. E não poderia ter escolhido melhor área para se instalar. Fica no Posto 6 da praia mais famosa do Brasil. Como cenário natural tem o Oceano Atlântico, e lá no fundo o Pão de Açúcar. O hotel já nasce sob a égide do sucesso. Ali já funcionou nos anos 30 a 40 um cassino importante, e depois uma estação de televisão com o nome da cidade. Mais tarde, no mesmo local foi construído um hotel de luxo, inaugurado por um show de ninguém menos que o cantor Frank Sinatra. Anos depois foi sucedido por um Sofitel. Até que após dois anos de reforma ao custo de R$ 240 milhões renasceu com o nome atual.

O Fairmont no Brasil conspira para que o hóspede se sinta integrado ao Rio de Janeiro, e a Copacabana em particular. E, claro, ao Arpoador e Ipanema, literalmente a poucos passos dali. O design do Fairmont do Rio, assinado por Patrícia Anastissiadis, foi inspirado no glamour do Rio de Janeiro dos anos 50. Tempos de uma cidade que transpirava bossa nova. Nos ambientes e áreas comuns, a arquiteta não só conseguiu captar a atmosfera da cidade, como usou materiais e criações de artistas brasileiros. Por exemplo, o piso da entrada parece se integrar magicamente às famosas calçadas externas da praia de Copacabana. A cor dos azulejos da piscina no sexto andar remete ao mar, e sua borda infinita dá impressão de ser sua extensão natural.

24 HORAS DE BELEZA – Quem pensa em dormir com uma vista contínua deslumbrante como esta do Rio?

O fator Accor

Sob o comando da francesa Accor, são 375 quartos com varandas – sendo 68 suítes, duas piscinas, spa, fitness center e centro de convenções com 13 salas de reuniões distribuídas em 1.500 metros quadrados. Apesar do luxo, o hotel não se comporta de forma arrogante ou esnobe, como em alguns concorrentes. Pelo contrário, predomina a descontração e a afetividade. No lugar do formal “bonjour” do Sofitel anterior, o padrão de atendimento agora mimetiza o jeito carioca de ser. Além de um informal restaurante e simpático bar no sexto andar, funciona no hall de entrada uma loja conceito com artigos de decoração e design brasileiro. Em frente, hóspedes e público passante pode degustar de café artesanal, sucos de frutas, croissants, e sorvetes feitos na casa.

Este tratamento casual do Fairmont no Brasil não ocorre por acaso. “Queremos abraçar a cidade. Fazê-la entrar no hotel, assim como o hotel se integrar à cidade. A intenção é o hóspede descobrir o Rio dentro do hotel, em todos os sentidos – cultura, gastronomia, jeito carioca de ser”, resume Philippe Trapp, Diretor de Operações de Luxo e Upscale da Accor América do Sul. Ele revela a intenção de abrir futuramente mais unidades do Fairmont em outras capitais brasileiras e da América do Sul. Pois que venham mais Fairmonts!

MARCA REGISTRADA – O Fairmont Banff, Canadá, é um dos castelos construídos pela rede ao longo dos anos.

* O jornalista visitou o Fairmont Rio de Janeiro Copacabana a convite da Accor.

** ESTA MATÉRIA TAMBÉM FOI PUBLICADA NA REVISTA VIAGENS S.A.

2 Comments

  1. LUIZ EDUARDO R DE MAGALHÃES disse:

    Não sabia que a ACCOR é a NOVA dona dos hotéis FAIRMONT !

  2. Claudio disse:

    Que venham mais hotéis maravilhosos como este pra cidade. É bom para a cidade do Rio, para o turismo e gera empregos.