MÉXICO TORNA-SE O 8º PAÍS MAIS VISITADO DO MUNDO
1 de agosto de 2017
TORRE EIFFEL É PONTO MAIS FOTOGRAFADO
7 de agosto de 2017

NUVENS DE DÚVIDA - Que critérios determinam as prioridades do Ministério do Turismo?


Nada contra o simpático Estado nordestino do Alagoas. Pelo contrário. Mas fica difícil entender a lógica de transferir com prioridade para seus municípios um repasse recorde de R$ 11,3 milhões. Isto representa 13% dos R$ 84,6 milhões distribuído pelo Ministério do Turismo a cidades brasileiras no primeiro semestre de 2017.

Será que é porque o titular da pasta nasceu e foi eleito deputado federal por Alagoas? Dificilmente é coincidência.

CRITÉRIO – uma palavra em desuso pelas autoridades de turismo do Brasil

O mais curioso é que boa parte dessas dotações, generosas em tempos tão bicudos no orçamento do país, foram para municípios pouco conhecidos. De acordo com reportagens de O Globo e Folha de S. Paulo, Penedo, Coruripe, Feliz Deserto e Jequiá da Praia foram agraciados com um total de R$ 3,7 milhões.

Segundo a denúncia dos dois jornais, as cidades do Alagoas receberam mais dinheiro que 18 Estados brasileiros, incluídos aí polos turísticos tradicionais, como Rio e Pernambuco.

O município de Penedo, governado por um primo do atual Ministro, obteve este ano R$ 1,4 milhão em convênios –mais que os R$ 973 mil dados a São Paulo para reformar o Anhembi.

PENEDO, AL – como foi mesmo que esta cidade se tornou prioridade do Ministério do Turismo?

Uma tia do Ministro que comanda Feliz Deserto, povoado de 5 mil habitantes, foi agraciada com R$ 1,1 milhão para reformar uma praça e pavimentar ruas. Outro tio, em Coruripe, ganhou R$ 830 mil. A gestora de Jequiá da Praia, irmã do titular do Turismo, levou R$ 390 mil.

Não se trata de discutir se há ou não potencial turístico significativo nestes lugares. A verdadeira questão é por que outros destinos, em condições equivalentes ou até melhores, não receberam um mesmo tratamento prioritário.

Alagoas não é um caso isolado. Reflete uma prática que infelizmente virou rotina, e é hoje um dos maiores problemas do Ministério do Turismo. Falando claro: há uma absoluta falta de critério nas decisões tomadas. Elas não se baseiam em um planejamento consistente e de longo prazo. Nem em demandas mercadológicas. Tampouco se norteiam por alguma avaliação técnica séria. Ao contrário: são medidas movidas apenas para satisfazer interesses políticos imediatos do titular da vez.

O amor repentino e exacerbado por Alagoas é só mais uma demonstração de que o modelo de turismo oficial está falido no Brasil. Infelizmente, os pífios resultados já deram abundantes provas de equívoco da criação deste Ministério ao longo da sua existência. De tão conhecidas, nem é preciso mencionar.

Em 15 anos de existência, o órgão federal já trilhou um tortuoso caminho que inclui dez ocupantes, a maioria sem entender patavina do assunto, exceto na condição de turistas ocasionais. Bem diferente do que ocorre em países como o México, onde o turismo vai de vento em popa.

ARRIBA, MÉXICO – enquanto o Brasil patina, o México não para de ampliar seu desenvolvimento turístico

O histórico registra que nenhum Ministro do Turismo esquentou a cadeira por muito tempo. Como ocorre com pássaros migratórios, virou santuário provisório de políticos de segunda linhagem que buscam um mínimo de visibilidade pública enquanto sonham com voos mais ambiciosos. Por isto, na sua saída costumam deixar um rastro de incompetência e inapetência para a função. E como subproduto, um horrível gosto de frustração em todos que atuam no turismo.

Difícil a ausência de indignação por parte de tanta gente prejudicada por esta política equivocada e custosa. Eis aí o verdadeiro mistério do Ministério do Turismo.

PERPLEXIDADE – como é possível o Ministério do Turismo fazer o show que quiser enquanto o público pagante sequer reclama?

Comments are closed.