Todo viajante experimentado sabe que embarcar sem planejamento é um tremendo erro. Mas pior que isto é comprar passagens ou quartos de hotel só com base em ofertas de baixo custo. Por que tanta gente cai no erro? Talvez pela agradável sensação de se sentir esperto, e quem sabe, achar que está levando vantagem nas barganhas. Mas o barato sai caro.
Na empolgação, é comum passar por cima dos indicadores negativos – alguns muito evidentes – e cair em verdadeiras esparrelas que estragam a experiência. Como embarcar em voos intermináveis e cheios de conexões. Ou se hospedar em quartos que pareciam ótimos nas ilustrações, mas que se mostram desconfortáveis e barulhentos na prática.
AS DICAS
Para evitar estes enganos fatais eis algumas recomendações de viajantes experientes e profissionais do ramo.
Não existem passagens baratinhas – A aviação, como qualquer setor econômico, não opera sob milagres financeiros. Se o ticket custa muito menos do que devia, há algo no ar além de aviões. Ou é por causa de baixa demanda, ou porque o voo não é direto e requer mais tempo de percurso. Ou então porque a configuração do avião é tão apertada que se torna ideal para quem curte se sentir como sardinha em lata.
Na prática, além do adeus ao conforto, esta falsa cortesia nos preços pode significar horários inconvenientes, excesso de escalas e longas horas entre conexões. E quem tem tempo de férias para desperdiçar em desvios de rotas? Ou em horas perdidas de espera em aeroportos? Ou numa sequência de incômodos embarques e desembarques? Ou correr riscos de atrasos por problemas de manutenção e meteorológicos? Ou ainda, enfrentar eventual bagagem extraviada ou perdida durante conexão?
Desconfie de sites com diárias-pechincha – Pouca gente sabe que os hotéis pagam fortunas de até 50% de comissão sobre a reserva para “agências online” – tipo Expedia, Decolar, Hotel.com, Booking.com, entre outras. Só que nem todas são iguais e confiáveis. Por isto, cuidado com ofertas excessivamente generosas de sites pouco conhecidos. Por exemplo, muitos hoteleiros, para cobrar mais barato e compensar a baixa lucratividade, podem oferecer nestas condições os piores quartos, ou não aceitar cancelamentos. Felizmente esta não é a regra geral de mercado. No entanto, sempre há estabelecimentos que fazem isto porque acham que não têm muito a perder. Por via das dúvidas, se for possível evitar a intermediação, faça a reserva diretamente no site do próprio hotel. É mais seguro, e quem sabe até mais barato.
Cuidado com ótimos hotéis a preço de ocasião – Um hotel de alto padrão e reputação não dá desconto nas diárias desproporcional à sua trajetória, assim sem mais nem menos. Se o preço parece bom demais para ser verdade, provavelmente há um gato escondido na tuba. Podem haver fatores como o estabelecimento estar em reformas, a piscina quebrada, o restaurante fechado, a rua da frente em obras, entre outras surpresas desagradáveis.
Não deixe a barganha controlar o itinerário – Atrás do mais barato, há sempre o perigo de se desviar do destino almejado. É o pior dos mundos, pois significa fazer uma viagem que não era a que se queria. Isto também ocorre quando as milhas acumuladas ditam a regra do lugar para onde voar, e não o contrário.
Fuja da arapuca das milhas – É comum entre os viajantes frequentes criar dependência de programas de recompensas. A oferta de promoções para aumentar o estoque de milhas se torna tão sedutora que a pessoa esquece que elas não se acumulam de graça. O forte apelo ao consumo (por vezes desnecessário) através do cartão de crédito para conquistar mais milhas esconde uma estratégia comercial muito bem engendrada.
Enfim, esta é uma guerra insana. A tentação é imensa, e diariamente somos bombardeados por irresistíveis barganhas para viajar. Se quiser sobreviver nesta guerra, não dê chances à impulsividade. Pense duas vezes antes de cair em ciladas. Se não der para ganhar a batalha, pelo menos é preciso sair dela com poucos arranhões.
3 Comments
Há dois dias acabei de escapar de uma arapuca. Recebi no instagram um post da passagem que eu estava procurando pela metade do preço. Ao ver os detalhes, percebi que o voo, que normalmente demoraria uma hora e meia para chegar, levaria 24 horas para alcançar o seu destino!,
Lucia, muita gente passa por isto. Diferente de navio de cruzeiro, que em geral leva voce de nada a lugar nenhum enquanto se distrai a bordo, nos avioes nao há o que fazer nem como se mexer. Por isto, quanto mais rapido voce cai fora melhor.
Meus Parabens pela(s) materias.
Não li ainda todas as materias mas aos poucos irei ler para me dar forças e continuar acreditando no turismo organizado, profissional e sustentavel.
obrigado