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3 de março de 2017
O turismo da cidade de Bonito, município no interior do Mato Grosso do Sul, tinha tudo para dar errado. Afinal, está localizado no interior do país, tem menos de 5 mil m2 de área, e fica distante 265 km da capital Campo Grande. Mesmo assim, atrai anualmente mais de 200 mil visitantes – quase dez vezes o seu número de habitantes.

Vindos de todas as partes do Brasil e do mundo, eles podem curtir 46 atividades – 19 delas em propriedades rurais particulares. Há ação para todos os gostos, de flutuação, balneário, cavalgada,

cachoeira, mergulho, gruta, bote e observação de aves, até boia cross, arvorismo, quadriciclo e rapel, fazendo de Bonito padrão de turismo ecológico sustentável.   

O sucesso não pode ser explicado apenas pelas privilegiadas belezas naturais. Até porque não falta concorrência de outros destinos brasileiros igualmente dotados de geografias deslumbrantes, muitos deles mais próximos dos grandes centros geradores do país. O que está por trás dos resultados excepcionais é uma sinergia bem-sucedida e consistente entre a iniciativa privada, que aposta de verdade no desenvolvimento do turismo, e o poder público, que adota políticas capazes de alavancar esta indústria na cidade.

Um bom exemplo, entre tantos, foi a instalação pioneira de um aeroporto de passageiros privado pela Dix Empreendimento, de Recife, e que ocorreu anos-luz à frente da atual discussão sobre aeroportos regionais. Por qualquer ângulo que se examine, o êxito do turismo em Bonito é uma lição de otimismo e modelo que precisa ser replicado pelo Brasil. É uma clara demonstração de que quando a vontade e a competência se dão as mãos é possível realizar um turismo saudável, competente e lucrativo.

 Mesmo em tempos de adversidade econômica, Bonito não para de colecionar boas notícias. A mais recente foi a decisão da Azul de ampliar a frequência de seus voos vindos de Campinas, hoje três vezes por semana, para diários, com aumento da oferta de assentos de 70 para 106 lugares.    

A cidade também teve a sorte – e a competência – de encontrar bons gestores para seu turismo. Ninguém melhor simboliza isto que Rodrigo Coinete, que divide seu tempo entre comandar o Centro de Convenções de propriedade da família e a Presidência do Bonito Convention Bureau. Eis os principais trechos da entrevista de Rodrigo para o blog:

 Qual é o movimento turístico anual de Bonito? 
Em 2015 Bonito recebeu cerca de 204.300 visitantes. Tivemos um crescimento médio de 5% ano nos últimos 4 anos.

  
Que tipo de turista prevalece?
Cerca de 80% são turistas de lazer e 20% de eventos. O turista de eventos, que cresce a cada ano, é importante porque gera fluxo na baixa temporada e tem gasto per capita maior.

A que você atribui o sucesso do modelo de Bonito?

Tivemos grande sorte geográfica, por contar com dezenas de atrativos naturais incríveis em um raio de 50km. O segundo ponto foi a existência de um grupo de empresários que, em parceria com o poder público, formatou um sistema de controle de visitação que respeita a capacidade de carga de cada atrativo turístico. Este sistema fez com que houvesse preservação ambiental e garantiu uma ótima experiência para o turista.

Qual o papel do Bonito Convention & Visitors Bureau neste resultado?
A associação de 61 empresas de turismo de Bonito e região tem a meta de captar eventos, fazer o marketing do destino e gerir o observatório do turismo de Bonito, além de promover cursos de capacitação empresarial. Trabalhamos em parceria com órgãos governamentais, universidades e entidades de classe. Em 11 anos, conseguimos trazer mais de 150 eventos nacionais e regionais, além de 3 internacionais.

  
Como ocorreu a conscientização  ao adotar o turismo como fonte de receita para a cidade?
Esta conscientização ocorreu de forma “orgânica”, com o aumento gradual de empresas e oferta de empregos no turismo, que se tornou a atividade econômica mais importante do município. Mais de 60% dos empregos diretos são gerados pelo turismo.

Quem sãos os principais responsáveis pelos resultados e qual o papel de cada um?
De um lado os empresários qualificam os serviços e equipamentos turísticos, respeitam a capacidade de carga do meio ambiente, e participam das associações. De outro, a parceria público-privada.

Quais são os principais canais de comercialização, e qual o peso de cada um?
Conforme dados do Inventário Turístico de Bonito, 56% dos hóspedes efetuaram reserva direto com o hotel, 30% através das OTAs e 14% via agência de turismo tradicional.

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