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Nas últimas décadas o Brasil comeu poeira na estrada mundial em pelo menos uma categoria. Tornou-se campeão em “Turismo Perdido”. Virou lanterninha enquanto outros destinos internacionais, alguns até menos atrativos e com reduzido potencial, ganharam a dianteira.

O país precisava ser resgatado com urgência desta situação. Infelizmente não é o que se observa. Sem sinal de uma liderança capaz de viabilizar a união de toda esta cadeia econômica, é cada um por si.

Cada um por si

Os diversos segmentos – hotelaria, aviação, agências, cruzeiros, provedores de soluções, serviços e produtos, entre tantos outros – cuidam do próprio umbigo. Lutam pelo mínimo, que são os seus interesses imediatos e diretos.

Curiosamente, o que não falta são associações de categoria no turismo brasileiro. Elas se multiplicam pelo país com nomes que lembram sopa de letrinhas. Algumas sofrem até de duplicidade: nasceram para representar a mesma coisa. Só que na prática nenhuma tem legitimidade para responder pela indústria como um todo.

Surgem assim distorções e disfuncionalidades. Por exemplo, para garantir a sobrevivência financeira, a maioria destas organizações cria eventos com o único propósito de gerar caixa. Esta diversidade de feiras e congressos gera mais que redundância. Estabelece uma concorrência predatória para atrair os mesmos compradores visando realizar negócios em um mercado já escasso de recursos.

Em busca da luz 

PERIGO – a mesma luz que atrai pode acabar queimando quem se aproxima demais dela

Como organismo enfraquecido, o turismo perdido brasileiro se torna presa fácil de predadores, oportunistas e falsos profetas. Lembrando mariposas em busca frenética pela luz, muitos empresários e líderes setoriais equivocados se voltam para as esferas governamentais. Alguns, mais idealistas, buscam orientação, mas de quem tem pouco a ensinar. Outros, mais pragmáticos, correm atrás de verbas oficiais, mas que andam cada vez mais escassas.

O modelo pode até ter funcionado no passado. Mas hoje perdeu eficácia diante da própria dinâmica de negócios, somada a novas tecnologias e comportamento mais seletivo dos consumidores.

Assim, o turismo perdido ocorre em dois sentidos. Primeiro, perdido pelo tempo jogado no lixo, como cachorro que só correu atrás do rabo. Segundo, perdido por não saber onde está, e muito menos para onde ir.

Farol na escuridão

Neste cenário confuso, destaca-se uma instituição que há 16 anos funciona como uma espécie de farol, guiando na escuridão o caminho de soluções e tendências. Trata-se do Fórum Panrotas. A cada ano uma impressionante manobra política consegue reunir todos matizes do Turismo. Mesmo os mais divergentes entre si.

BRAÇOS ABERTOS -Guillermo Alcorta agasalha no seu Fórum Panrotas todos os segmentos do Turismo

SEMPRE CABE MAIS UM – A agenda do Forum inclui desde uma concorrida palestra do procurador Delton Dallagnol…

… entrevista feita por craques do jornalismo como William Waak com líderes do Turismo como Luiz Falco (CVC)…

… até conversas deliciosas com personalidades como o jornalista Fernando Gabeira.

Pessoalmente, sinto-me à vontade para falar deste projeto realizado com êxito por Guilermo Alcorta e sua equipe. Como jornalista nunca colaborei ou apareci em qualquer foto publicada no jornal do grupo – nem mesmo na condição de “papagaio de pirata”.

O Fórum Panrotas é um feliz ponto fora da curva no turismo brasileiro. Ocorre todo ano, durante dois dias, em São Paulo. Nele, desarmados de preconceitos ou agendas ocultas, todos os segmentos podem refletir sobre a indústria e como se preparar para as novas exigências do mercado.

Em 2018 não foi diferente. Mais de 1300 participantes compartilharam em sessões bem organizadas e de qualidade informações preciosas e precisas, tanto de especialistas como profissionais selecionados.

Pra que Governo?

INUTILIDADE – afinal, o Governo ajuda ou atrapalha o Turismo?

Este ano chamou a atenção a ausência quase completa do Governo. A verdade é que sem ter muito o que agregar, não fez qualquer falta. Pelo contrário: a omissão serviu para demonstrar que a verdadeira força motriz da indústria do turismo é a iniciativa privada.

Aliás, uma pergunta: assim como crianças crescidas deixam para trás a calça curta, não seria hora do Turismo abandonar o terno e gravata nos eventos? Afinal, o que no passado nasceu como deferência às autoridades presentes, hoje perdeu o sentido.

O QUE É ISTO? – Dificil associar sisutos homens de terno e gravata com a descontração típica do Turismo.

9 Comments

  1. As críticas às entidades não engrandecem o valor do Fórum Panrotas – o qual, por si só reúne méritos que dispensam a comparação entre os eventos do setor. É certo que existem sempre aqueles que apostam na fragmentação de forças e promovem o eficaz “dividir para governar”. Porém, a legítima representatividade associativa avança pela base e conta com iniciativas como a sua para seguir adiante e confiante na organização da sociedade civil. Cabe lembrar que o setor de viagens e turismo inclui o bem estruturado mercado corporativo.

    • Luiz Henrique, a julgar pelo feedback que estou recebendo do texto, coloquei o dedo na ferida. Muitos que me me contataram reclamam da egolatria e agenda oculta que tomou conta de grande parte das “lideranças” que hoje predominam nas asssociações setoriais do turismo. Falta sem dúvida um espírito de corpo que coloque o interesse da indústria turística como um todo em primeiro plano, como ocorre com outros segmentos da economia brasileira. Sei que voce me dará razão, Luiz, até pela sua significativa contribuição para a comunicação do setor e interesse pessoal e desinteressado pelo futuro do setor.

  2. Parabéns Fabio pelo excelente texto e conteúdo. Uma abordagem absolutamente verdadeira,

  3. MAURICIO BERNARDINO disse:

    Parabéns pela iniciativa de comentar sobre o turismo. Mas, ficou a sensação que matéria foi cortada ou editada.
    O tema tão importante para nós lideranças do turismo, ficou sem conclusão, ou melhor, só tocou superficialmente no que poderia ser uma reportagem para ser melhor pensada.
    Quanto ao Fórum Panrotas, esse sim é um evento mercantil, ocupa o lugar vago.
    Vá fundo, tome essa bandeira e divulgue suas ideias.

    • Mauricio, muito obrigado pelos seus comentários. Nao me cabe concluir. Como jornalista meu papel é apenas apontar fatos e percepções, e deixar por conta do leitor este papel. O texto apenas abre as portas para mais reflexoes dos envolvidos. Minha meta é espelhar esta necessidade do setor em novos posts, trazendo mais conteudo, e quem sabe provocar o debate, indispensavel para o futuro do turismo.

  4. JVS disse:

    Parabéns Fabio.
    bela matéria.
    e abaixo o terno e a gravata!

  5. Recebido diretamente por email:

    Fabio
    Boa noite
    Acabei de ler seu último artigo
    Sempre pautado pela ética e neutralidade
    Após lê-lo gostaria de compartilhar com você meus pensamentos
    Tenho atuado nas diversas esferas do turismo associativo a varios anos
    Tentando representar os interesses do setor
    Como você bem escreve,há demasiada “representatividade”
    Sem efetivamente ter resultados práticos.
    Essa representatividade está no que podemos dizer protagonismo
    Todos acham que podem mudar algo,ou que seu trânsito facilitará algo,entretanto o que se vê é puro ego
    Representar parte de um setor fragmentado em que perde-se oportunidade por falta de uniao,conhecimento e porque não dizer,falta de único porta-voz ou único canal
    Sem duvida que a indústria deveria seguir por si,desde que o governo e seus órgãos reguladores focassem naquilo que os compete
    Infraestrutura,educação para capacitar,condições de concorrência no mercado ,leia-se impostos (retorno impostos aos turistas)acesso a capital longo prazo e mecanismos reguladores que preservem a competitividade
    Enquanto formos mais de 60 representantes no chamado CNT ,onde ao meu ver deveriam sair definições e estratégias de curto,médio e longo prazo,pautado dentro de uma política de estado e não de governo, frustra-se a cada reunião por não ter conteúdo,o principal responsável na esfera ministerial não comparece e quando o faz é por tempo limitado
    Sabemos que é utópico esse último ponto,porém se os setores deixassem de lado a prerrogativa de ser representado por varios entes do mesmo segmento,tenho convicção que teríamos mais sucesso e força.
    Porque outros setores da economia conseguem atingir suas demandas ou serem ouvidos ?
    Somos em conjunto um dos maiores geradores de empregos
    Somos geradores de impostos ,contribuímos para a cadeia produtiva em Mais de 57 setores
    Será que o turismo merece ser tratado dessa forma?
    Com certeza o Turismo não teve ainda papel preponderante nesse pais por não gerar votos nem contribuições partidárias
    Más ,podemos ser pilar de desenvolvimento sustentável para qualquer governo
    Como disse anteriormente,são pensamentos que convergem com sua matéria
    Desculpa eventuais erros ,digitar de celular não é fácil p texto longo
    Abs
    Roberto Rotter