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É mais fácil colocar a culpa nas circunstâncias ou nos outros que admitir seus erros. Isto ocorre não apenas em relação a pessoas, mas também com empresas. O mundo está cansado de ver negócios quebrarem por falta de visão dos gestores em perceber o que ocorre no entorno. Mas pior ainda é agir como avestruz, fingindo que nada acontece, e adotar a teimosia como lema.

Senão, como explicar que uma corporação centenária e de sucesso como a Kodak não tenha feito nada para se adaptar à fotografia digital. Esta tecnologia não chegou de repente, mas foi ganhando o mercado aos poucos. Dava tempo para a empresa pular fora da tecnologia obsoleta do filme e fazer a transição para o universo digital. Quem sabe na vã tentativa de dar sobrevida a um modelo esgotado e espremer até as últimas gotas da laranja os administradores preferiram se fingir de mortos. Quando finalmente reagiram, era tarde demais. Hoje a Kodak é uma sombra do ícone que representou no passado. Provavelmente foi assim também com fábricas de galochas,telegramas, luvas, faxes e chapéus, máquinas de escrever, ou se tornaram supérfluos, ou foram substituídos por outros, ou simplesmente caíram em desuso.  

Na área de viagens e turismo não é diferente. A recente quebra de várias agências de viagens, algumas até tradicionais, não podem ser explicadas apenas pelas difíceis condições econômicas do país. Já faz muito tempo a tecnologia vem mandando seguidos avisos de que as coisas estão mudando no setor. Por isto, não faz sentido por exemplo esbravejar contra companhias aéreas ou hotéis, que estão adotando a desintermediação como forma de garantir a sua própria sobrevivência financeira.

 Quem em sã consciência não prefere comprar diretamente do produtor, sempre que possível? Com a facilidade da internet, qual o sentido de um consumidor não comprar por conta própria uma passagem de avião de ida e volta, ou mesmo reservar um simples quarto de hotel? Ainda mais se isto representar redução de custos. Mas calma. Isto não significa o fim das agências, mas sim a necessidade de encontrar nichos que permitam agregar real valor ao cliente. Se assim não fosse, como explicar que enquanto algumas empresas fecham as portas suas concorrentes se mantêm no mercado?

A corajosa entrevista do empresário Rodolpho Gerstner, proprietário da RCA Turismo, uma agência com 22 anos de existência, ao jornalista Artur Luiz Andrade, da publicação especializada Panrotas, ajuda a colocar os pingos nos is. “O empresário percebe se o negócio é viável ou não. Não é justo nem correto levar a empresa à quebra por não tomar a decisão certa antes da catástrofe. A responsabilidade é sim dos titulares das empresas”, diz ele com todas as letras.

Gerstner não nega que há diversos fatores que levam à crise, entre eles a situação da economia, câmbio, carga de impostos, juros altos etc. O que ele questiona é a inanição dos gestores em tomar as ações necessárias diante da iminência da tempestade. Ele põe o dedo na ferida quando diz que há muita arrogância e despreparo na gestão de muitas empresas.

O empresário conclui: “Não adianta ficar reclamando. Precisamos nos reinventar. Oferecer experiências aos consumidores. Querer sobreviver vendendo bilhete aéreo e noite de hotel é destinação à morte. É necessário criar novas ferramentas e produtos para incrementar as próprias vendas”.

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