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AS APARÊNCIAS ENGANAM - No Turismo é preciso cuidado para não confundir o Jornalismo sério com picaretagem editorial.

Há grande confusão por quem atua no Turismo do real papel da imprensa e como ela pode ajudar a divulgar o setor. O nome “mídia” é um dos responsáveis por embaralhar as coisas. A palavra define dois mundos distintos. Um é o exercício independente e isento do Jornalismo, onde o que pesa é a informação e o compromisso com o leitor. Outro é a divulgação paga, sob a forma de propaganda. Ou textos remunerados por vezes camuflados como material jornalístico, e que pode ludibriar os incautos.

Entender a diferença entre os dois tipos de comunicação evita equívocos. No primeiro, há a missão funcional do jornalista de traduzir a realidade sem filtros. Nela, a sua função é representar o consumidor. Por isto, nenhum jornalista sério tenta adocicar ou censurar informações só para agradar a fonte. Agindo assim ele pode dar um tiro no pé, e comprometer seu ativo mais precioso, que é a credibilidade.

Por definição, no texto pago prevalece o interesse do patrocinador, que pode ser comercial, associativo ou governamental. Não há nada de errado nesta modalidade, desde que apresentada com transparência.

FRAUDE – Muito turista enganado por matéria desonesta e comprometida embarca em canoa furada.

Verdadeiro Jornalismo 

No Turismo, nem sempre é fácil exercer (e distinguir) o Jornalismo profissional. Por ser um assunto glamuroso e sem barreiras de entrada, muita gente acha que pode escrever sobre o assunto. Misturam-se assim profissionais e amadores. Este extenso rol inclui não só a imprensa, mas blogueiros, influenciadores, viajantes experimentados, curiosos, e até picaretas – destes que só têm compromisso com eles próprios.

O jornalista que quer ajudar a desenvolver o Turismo não pode simplesmente transformar em notícia a sua experiência pessoal – principalmente se ela se confronta com a realidade. É comum – e até compreensível – as fontes varrerem eventuais limitações ou problemas de suas atividades para debaixo do tapete em textos pagos.

Portanto, não é boa prática a imprensa basear-se apenas em press releases, que podem ser parciais. Para evitar referências de fontes duvidosas, a imprensa precisa apurar as informações e exercer sua capacidade crítica.

O verdadeiro e o falso

No Turismo, talvez por costume ou distorção, há muitos operadores que não convivem bem com o jornalismo clássico. Habituaram-se a aceitar apenas matérias pasteurizadas, elogiosas a pessoas, produtos, ou atividades, mesmo que contrastem com os fatos.

Numa desvirtuação de propósitos, há casos de empresas que preferem bajular jornalistas e obter textos favoráveis aos seus negócios do que pagar anúncios. São as mesmas que trocam refeições, passagens, hospedagem e mordomias por matérias carregadas de superlativos e adjetivos simpáticos. Ou pior, negociam com as publicações em um mesmo pacote comercial artigos positivos junto com anúncios. No final, quem perde neste acordo doentio é o consumidor, ludibriado por informações com vício de origem.

FABRICA DE BLOGUEIROS? – Não existem barreiras para qualquer um minimamente letrado escrever sobre Turismo.

Prevalece nestes casos um pacto sinistro de incompetência. Maus patrocinadores investem em ações de maus profissionais. E que, em retribuição, fingem não enxergar e omitem nos seus textos os problemas existentes.

Nenhum setor, aqui ou no exterior, consegue se desenvolver com este modelo viciado. Este tipo de “ação entre amigos” cobra um preço alto, e contribui para a inanição que permeia o Turismo no Brasil.

De quem é a culpa?

É muito simplista colocar a culpa deste desvio de finalidade apenas nos operadores e autoridades do Turismo. O problema não se explica apenas pelo poder do dinheiro. Há uma significativa parcela de responsabilidade por quem produz os textos. É gente que costuma misturar na mesma panela e dar o mesmo tratamento a destinos preparados com os desprovidos de infraestrutura. Hotéis desastrosos com os melhores da categoria. Companhias aéreas mal operadas com as incompetentes. Produtos e serviços sofríveis com os que investem em qualidade.

Com isto, pseudo-profissionais prestam um desserviço ao setor tão carente de desenvolvimento. Perde-se assim a oportunidade da imprensa contribuir de forma efetiva para o aperfeiçoamento do Turismo brasileiro com matérias confiáveis, análises precisas, e críticas construtivas.

TUDO POR $$$ – O maior desafio do turista é saber se um texto elogioso é honesto ou comprometido.

 

1 Comment

  1. Hilario pelizzer disse:

    Bom dia!
    Louvável discutir este tema. Todavia quais as formas de se controlar e evitar estes abusos de “pseudos”especialistas em turismo, criados pelas facilidades cibernéticas? Só apontar as mazelas é singelo demais, apontar as maneiras, as práticas éticas e profissionais,… etc, também devem merecer destaque neste mundo globalizado.
    Quem é quem neste universo apontado ????
    Obrigado.