Quem teria a infeliz ideia de transformar crocodilos em animais de estimação? Pois não foi só Pablo Escobar com seus hipopótamos, na Colômbia, que teve ideias tão exóticas. Algo similar aconteceu na Costa do Marfim, África. O primeiro presidente do país, Félix Houphouët-Boigny, falecido em 1993, ficará para a História pelas suas iniciativas bizarras.
Governante do país por 30 anos, Boigny era um cara que gostava de criar monumentos para ser lembrado para a posteridade. Até aí, nada original se considerarmos os padrões políticos brasileiros, principalmente no Turismo. Assim, de imensas pistas para aviões Concordes (até já extintos), pista de patinação no gelo em pleno calor infernal à maior basílica do mundo, construiu seu palácio cercado por um lago artificial recheado de 20 crocodilos foi só um pulo.
O problema é que com sua morte não só a capital política Yamoussoukro foi substituída pela cidade mais comercial Abidjã, mas também os próprios pets do antigo presidente foram abandonados à própria sorte.
Esquecidos, mas não mortos, os animais escaparam do lago do palácio para os rios nas proximidades, onde, felizes da vida, se reproduziram às pencas. Inclusive de forma acelerada, graças a uma rica dieta não só paga pelo governo, mas reforçada por turistas irresponsáveis, que pagavam 5 dólares para ver os crocodilos engolirem galinhas vivas.
Só que o sistema degringolou em 2012. Foi quando, Dicko Toki, funcionário responsável por alimentar os bichinhos, foi tragado por um deles. Desde então não há quem tenha coragem de chegar perto. Eles agora engolem pedestres que se aventurem a passar pelas proximidades, principalmente nas estações de chuvas, quando há grandes inundações.
Ninguém pensa em exterminá-los. Além da aura sagrada, dizem que quem fizer isto será amaldiçoado para sempre. Por via das dúvidas, toda vez que um ex-crocodilo de estimação é avistado caminhando pelas ruas da Capital, bombeiros são acionados para, com muito jeito, colocá-los de volta na água.