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Alguns setores da economia até parece que tomaram chá de bobeira e paralisaram no tempo. Por tradição ou acomodação, não perceberam a revolução digital chegar. Enquanto dormiam acordados, um monte de coisas aconteceu. Os dispositivos móveis ocuparam o lugar dos computadores. As redes sociais atropelaram as pesquisas tradicionais. A TV por demanda engoliu a TV aberta. As mensagens via app tornaram supérfluo o e-mail.

Resumindo, o mundo todo se conectou, dando ao consumidor um poder inédito no processo de decisão. Negócios, investimentos e comportamentos se alteraram num piscar de olhos. O tempo passou na janela e só algumas Carolinas não viram. Ou, quem sabe, fingiram que não aconteceu. 

O Turismo no Brasil é um dos piores casos. Teimando em adotar velhas práticas e modelos em desuso, líderes empresariais equivocados somados a governantes oportunistas ou desinformados têm direcionado o setor para o Precipício da obsolescência. Enquanto a atividade evolu em todo o mundo, aqui estes maus dirigentes, ao invés de buscar formatos inovadores para assegurar a sua relevância e até sobrevivência no mercado optam em congelar artificialmente antigos privilégios.

Só que a história econômica mostra que é impossível interromper o fluxo da evolução.
Cedo ou tarde alguém de dentro ou fora do setor promove a inovação. Há um bom exemplo recente na hotelaria. Com base na sua experiência, nenhuma no trade do turismo, Max Campos observou que em geral os viajantes de negócios só utilizam o hotel no período de 22h às 7, embora paguem pela diária completa. “Percebi que havia uma oportunidade de criar um modelo de reserva diferente”, ele recorda.
 

Foi assim que nasceu, há pouco mais de um ano, a HotelQuando.com, uma plataforma que permite pagar apenas pelo efetivo uso das horas em um hotel. A cobrança desta hospedagem sob medida é realizada de maneira proporcional, em quatro modalidades. Até 3 horas sai por 40% do valor da menor diária. Seis horas custam 43%, nove horas, 63% e 12 horas, 73%. A reserva é feita online e a qualquer momento, garantida por cartão de crédito. Integrado ao Google Maps, o site ajuda ainda a encontrar um local próximo.          

É uma relação ganha-ganha para os dois lados. Tanto hóspedes gastam menos, como hotéis garantem melhor ocupação durante a ociosidade. Mais que um simples “day use”, este modelo potencializa inúmeras outras soluções, pois tem flexibilidade para se ajustar às necessidades específicas de cada hotel.

A ideia deu tão certo que recebeu investimentos da Gávea Angels (leia-se Armínio Fraga), um fundo focado em startups. Com adesões crescentes, o HotelQuando conta com um portfólio de mais de 200 hotéis de todas as categorias, inclusive os ligados a redes. A meta do fundador é chegar a mil hotéis até o final do ano. Atualmente, do total de reservas feitas pelo site, 60% são corporativas e 40% são lazer.

Eis agora o mais incrível. Max não é um profissional veterano, especialista, ou consultor do ramo. Muito menos é um destes gênios graduados em universidade de business com prestígio internacional. Trata-se sim de um garoto de 24 anos, inteligente e antenado no tempo. Formado em Administração na Faculdade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, o seu maior mérito foi questionar o modelo existente. A seguir, com base nas ferramentas digitais disponíveis, desenvolveu uma nova maneira de fazer negócios em hotelaria.   

 A história de Max demonstra que não é preciso ser marmanjo na área para ser inovador. As pessoas mais bem informadas e preparadas são aquelas que não consideram disruptura ou inovação como ameaça ao status quo, mas sim como uma oportunidade.

É esta gente que está neste instante desenhando a economia do futuro, inclusive a do Turismo. Os demais, tal qual gatos sonolentos, dormem sobre louros do passado. Ou reclamam do mundo enquanto engolem poeira.

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