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Qual o ingrediente mágico para estabelecer um resort ideal? Trata-se de um equilíbrio delicado entre a boa hotelaria e o lazer levado a sério. O cemitério de resorts falidos, no qual o Brasil tem várias vítimas, está repleto de boas ideias que deram errado e muito dinheiro jogado no lixo. 

Tudo começa por uma excelente localização, sempre que possível com o patrocínio de uma natureza privilegiada. Passa a seguir por instalações modernas, funcionais e confortáveis, apoiado por uma administração competente que se materializa em bons serviços.

Isto só não basta. Acrescente-se espaço generoso, atrações múltiplas, restaurantes que atendam todos os gostos, entretenimento, cultura, folclore, comercio, restaurantes, decoração original e entretenimento.

Mas nestes quesitos os melhores resorts do mundo podem se equivaler. Fica faltando um fator determinante. A alma! Como pessoas, o resort perfeito precisa ter personalidade própria. E isto não se compra pronto, ou com ajuda ligeira de algum consultor de plantão. Boa reputação exige tempo e experiência.

Estamos cercados de resorts bem-intencionados, mas sem alma. Lembram um bolo confeccionado com as melhores matérias primas, mas sem gosto. Em compensação, há os que se não chegaram à perfeição, estão a caminho do nirvana da hospitalidade.

O Atlantis, que fica na ilha de Paradise, nas Bahamas é um exemplo. Ele se inspira na lenda da milenar cidade engolida pelo mar. Em mãos incompetentes, a materialização desta concepção poderia lembrar a decoração de um destes cruzeiros que navegam pelos mares da cafonice. Aqui, ao contrário, a tematização inteligente transformou o hóspede em visitante dos destroços de uma pseudo-arqueológica civilização submersa. Numa impressionante sucessão de aquários e passagens internas, 50 mil animais marinhos de 250 espécies convivem em réplicas de seus habitats em um gigantesco espaço de 141 acres.

 Neste cenário, o visitante não apenas observa e aprende, mas pode interagir com os animais em tours ou experiências como a do Dolphyn Cay, que permite uma convivência direta com golfinhos.

Além do cassino, campo de golfe e spa, pipocam ao longo da propriedade 40 lojas, entre elas 20 boutiques de luxo, e 40 restaurantes com gastronomia diversificada, alguns excelentes como o famoso japonês Nobu, outros nem tanto como a rústica “cerveja-churrascaria” Virgil’s.

Em frente a uma imitação de vila caribenha com 20 lojas, cinco restaurantes e cinco fast foods, há uma marina que acomoda até 63 iates de grande porte. Para os demais mortais, esta é uma oportunidade de observar a olho nu os hábitos e costumes de uma exótica fauna formada pelos endinheirados.

Construções como o Templo do Sol e da Lua com escorregas aquáticos para todos os perfis de adrenalina ajudam a compor o clima de faz-de-conta e diversão. Há ainda passeios de boia impulsionados por correnteza em rios artificiais que serpenteiam o parque aquático. No entorno, há torres com cinco tipos de acomodações que atendem 3.400 hóspedes de todos os bolsos. Vai do essencial à luxuosa Suite das Pontes, ao custo de R$ 100 mil a diária. O exclusivo The Cove foi inventado para quem tem alergia a multidões, geralmente formadas por cruzeiristas que chegam aos borbotões para day use de quatro megacruzeiros que atracam nas Bahamas diariamente. 

Dão conta do recado as trinta 30 milhões de litros de água doce e salgada distribuídos em 11 piscinas, 14 lagoas e cascatas, numa impressionante celebração à água e à vida marinha. Como se não bastasse, o complexo está instalado em frente a um mar caribenho de temperatura amena para ninguém botar defeito. Ele é formado por estonteantes gradações de turquesa, separado da ilha Paradise por praias de areias brancas e fininhas.

Desde a inauguração em 1994, o Atlantis gerou empregos para mais de 50 mil bahamenses. Deu tão certo que virou matriz para dois clones em escala menor: um em Dubai, e outro em final de construção na China.

 

Por trás da criação do Atlantis está a genialidade do sul-africano Sol Kerzner, que soma mais de 50 anos de contribuição para a hotelaria. É dele o projeto Sun City, em seu país. Depois de percalços pessoais e nos negócios, o empreendimento hoje pertence à Brookfield Asset Management, e tornou-se também membro da família Marriott, a maior rede hoteleira do mundo.

O Atlantis não nasceu pronto da prancheta. Foi a conjugação de prédios já existentes somados a outros investimentos, sob o mesmo guarda-chuva temático. Qual a filosofia do sucesso?  “Em nossos empreendimentos, procuramos captar a cultura de cada destino, o que permite que cada unidade no mundo resulte em uma experiência única e espetacular”, resume Kerzner.

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