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A indústria de cruzeiros marítimos vive um pesadelo. Uma tradicional ONG ambiental acusa os gigantes transatlânticos de prejudicarem fortemente o ar, clima, água e solo do planeta. Eles foram todos reprovados em um ranking que avalia o combate à poluição.

Segundo levantamento da alemã NABU (União de Conservação da Natureza e da Biodiversidade), fundada em 1899, uma imensa concentração de partículas é despejada todo dia no ar. Este material é até 19 vezes maior que o de uma rua movimentada, e 190 vezes acima do que é considerado ar limpo.

COMBUSTÍVEL NOCIVO

Os cálculos da ONG são que um navio de porte médio queima até 150 toneladas de combustível por dia, igual ao produzido por um milhão de carros. O problema seria agravado pelo combustível usado. O óleo pesado libera na atmosfera o dióxido de enxofre, além perigosos poluentes como o carbono preto (parte fina da fuligem) e o óxido de nitrogênio.

Quais os estragos causados? Tanto o dióxido de enxofre como o de nitrogênio provocariam chuva ácida, capaz de afetar a respiração. Além disso, estas substâncias nocivas trariam danos aos ecossistemas, solo, água, lagos e áreas costeiras.

Segundo a ONG, “as emissões dos motores a diesel empregados em todos os navios de cruzeiro hoje são classificadas como cancerígenas pela Organização Mundial da Saúde. Elas são responsáveis por outras doenças graves como asma ou problemas cardiovasculares, que causam mortes prematuras.

Para a NABU, o problema poderia ser resolvido se os navios passassem a usar combustíveis menos nocivos. E minimizado com filtros de partículas, como os catalisadores iguais aos de caminhões e carros.

BODE EXPIATÓRIO? Se os cruzeiros representam apenas 1% da frota comercial global, por que respondem sozinhos pela poluição dos oceanos?

O QUE DIZEM OS CRUZEIROS

As empresas de cruzeiros marítimos se defendem, principalmente através da CLIA, a sua associação de classe. Jamais negam a importância de preservar o meio ambiente. Destacam investimentos contínuos em tecnologias e práticas. No entanto, questionam não só a metodologia do ranking, mas reivindicações da NABU que induzem a conclusões equivocadas.

Segundo a CLIA, o setor de cruzeiros está não só compromissado em implantar tecnologias de limpeza de gases de escapamento (catalizadores) como até a ultrapassar exigências legais. Fazem parte do esforço investir em combustíveis mais limpos, como o gás natural liquefeito (GNL).

A associação dos cruzeiros reclama que as críticas da NABU se concentram só em questões como o combustível ou tecnologias de filtragem. Esta seria uma abordagem limitada diante dos esforços de gestão ambiental realizados pela indústria.

A Costa Cruzeiros, única das que contatamos a se posicionar individualmente, explica que sete navios de sua frota devem passar a ser movidos a GNL, “demonstrando assim a prioridade em manter um negócio sustentável”.  A Companhia afirma que no ano passado reduziu em 9,5% os resíduos produzidos por passageiro/dia; em 5% a emissão de carbono e em 3% o consumo de combustível por passageiro/dia, entre outras medidas para diminuir emissões, otimizar o consumo de energia, racionalizar recursos hídricos, e reciclar resíduos.

QUEM TEM RAZÃO?

Há um dono absoluto da verdade? Provavelmente não. Para chamar a atenção da opinião pública, a NABU pegou pesado e de forma meio oportunista com os cruzeiros, como se eles fossem os principais responsáveis. Na verdade, representam menos de 1% da frota comercial global. Além disso, usam como exemplo do problema o território alemão. Desta maneira fica difícil extrapolar os reais danos ambientais em mercados onde a frota é bem menor e até sazonal, como o Brasil.

TIRO NO PÉ – a indústria de cruzeiros é a primeira interessada em não poluir os mares, que são o seu ganha-pão

Por outro lado, a CLIA demonstra que a indústria de cruzeiros não está parada. Ao contrário: mostra-se comprometida em modificar a situação, embora ainda haja enorme distância entre o longo prazo das intenções e a realidade atual.

É evidente que não interessa aos navios de lazer poluir o mar, que é o seu maior ganha-pão. Nas palavras da Costa Cruzeiros, “o respeito pelo meio ambiente não é apenas uma obrigação moral. É o caminho para o desenvolvimento sustentável de um setor complexo e em rápida expansão como o de cruzeiros marítimos”.

A boa notícia: há consenso de que é preciso proteger o meio-ambiente. A questão é a velocidade com que as medidas serão tomadas. Afinal, o Planeta Terra tem muita pressa.

FUMAÇA INDIGESTA – segundo a NABU, um navio médio queima 150 toneladas de óleo por dia, igual a um milhão de carros

1 Comment

  1. Fábio,
    gostaria de falar a respeito do tema de preservação dos mares e meio ambiente, colocando a Ponant (ponant.com) representada pela Qualitours coma uma das primieras (senão a primeira) maritima a construir iates com a alcunha de “green ships” pelos detalhes previstos.
    Um abraço
    ilya