O novo governo federal anuncia a intenção de reduzir e até extinguir ministérios. Bajuladores a postos já sugerem manter a coisa como está. Esta sugestão deveria seguir a direção oposta. Que tal se livrar do Ministério do Turismo e trocar por uma estrutura enxuta e mais efetiva?
Vamos combinar: até hoje essa repartição pública inútil só deu errado. Jogou precioso tempo e recursos públicos na lata de lixo. Desde que foi fundado, há quinze anos, o Ministério do Turismo recebeu mais de uma dezena de titulares que ninguém sabe mais nem os nomes.
Os resultados deste órgão descartável inexistem. Exceto por fatos isolados, jamais agregou valor. O resultado é que o Brasil patina nos mesmos 6 milhões de visitantes internacionais há décadas.
Não me entendam mal. Turismo é uma indústria importantíssima. Por isto mesmo precisa ser levada a sério. Mas não da forma como é feita hoje. Estamos cansados de assistir mais do mesmo, e que leva a lugar algum.
É sempre a velha rotina. Empresários obsoletos ou sem criatividade e dirigentes de associações, em geral sem representatividade ou oportunistas, dão um forte abraço de afogados. Buscam alguma autoridade de plantão atrás de um holofote e oferecem apoio a soluções pouco criativas. Como fogos de fim de ano, ganham muita visibilidade, mas com duração efêmera.
Perderam-se assim oportunidade de ouro para colocar o Brasil no radar mundial do turismo. Só para citar dois fatos, vamos lembrar da realização no país da Copa do Mundo e Olimpíadas. Ou seja, nada menos que os maiores eventos esportivos do planeta. Qual o recall deles foi aproveitado pelas autoridades do turismo brasileiro? Rigorosamente nenhum!
O que ocorre neste caso, afinal? Titulares de cargos públicos, principalmente se exercidos por políticos, tendem a investir em táticas imediatistas. Não querem nem têm compromisso com estratégias ou planejamento de longo prazo, pois deles não poderão usufruir no futuro.
Uma soma de fatores conspira contra o turismo brasileiro. Não faltam só recursos, que se existentes provavelmente seriam desbaratados em investimentos equivocados. O país deu azar também com um empresariado em geral desunido. E que se preocupa mais com o próprio umbigo, e se sujeita a lideranças que priorizam a autopromoção. A ausência de infraestrutura em aeroportos, portos, estradas atrapalha demais.
Inexistem políticas públicas que estimulem o setor e a vinda de turistas internacionais. Não há coordenação entre as partes interessadas. De quebra, temos que conviver com o custo Brasil. E o pior: o país concorre com destinos internacionais bem mais competentes, que descobriram o turismo como vetor de desenvolvimento econômico.
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Moral da história: não adianta só dar status ao Turismo. Em todas as esferas governamentais. Neste momento gente que nada entende do ofício, políticos, picaretas e prepostos se revezam em cargos estratégicos. Faz falta, isto sim, uma gestão inteligente, com a plena participação do setor. Enfim, é hora de privatizar a atividade.
No Turismo, os governos deveriam se limitar a estabelecer as regras do jogo, fiscalizar o uso adequado dos recursos públicos, e assegurar infraestrutura para a atividade. Não é preciso reinventar a roda. Basta observar e humildemente copiar o que fazem os destinos bem-sucedidos.
Por exemplo, com diferentes nomes, hoje todas eles possuem DMOs – siga de de Destination Marketing Organization (Organização de Marketing de Destino). Além do formato operacional mais dinâmico, seu foco é projetar globalmente o lugar. As demais atividades do turismo gravitam em torno de sua órbita, e não o contrário. Os associados – e financiadores – são hotéis, bares e restaurantes, comércio, entretenimento, transportes, e até o próprio governo.
Gestão do Turismo nas mãos do governo, desinformados, ou meros curiosos, já se provou danosa. Por isto, é tempo de mudança. Como já dizia o Palhaço Tiririca, pior que isto não dá para ficar.