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Em ocasiões especiais, um executivo de viagens ganha tamanha relevância que se transforma no principal tema desta coluna. Esta é uma delas. Acaba de ocorrer com Pedro Janot, que lançou um livro com a sua história inspiradora. Por isto merece aplausos de todos os que acreditam que ter poder nos negócios deve se também uma oportunidade para exercitar o amor pelo próximo, perseverança, ética e integridade.

Parecia mais uma destas reuniões empresariais de alta direção igual a tantas. Todos os  executivos entraram na sala, só que dois deles foram solicitados a esperar do lado de fora. Cinco minutos depois, ninguém menos que Abilio Diniz, o ex-poderoso dirigente do Grupo Pão de Açúcar, aproximou-se da dupla que aguardava e os demitiu sumariamente: “Vocês dois estão fora do nosso Grupo”. Um deles era Pedro Janot, que naquele dia extraiu da atitude cruel do patrão uma lição que o acompanharia para sempre: quando uma porta se fecha, outra se abre. Foi assim que Pedro deixou de dedicar sua vida profissional para vender legumes e macarrão e se transformar em um dos protagonistas de um dos mais empolgantes capítulos da aviação brasileira: a criação da Azul Linhas Aéreas.

O incidente corporativo soa como insignificante perto do fatídico dia 13 de novembro de 2011. Desde então, saiu de cena não só a carreira, mas a própria vida de Pedro se modificou radicalmente. Uma grave queda de cavalo na qual o animal não teve contribuição – e mesmo que tivesse, a elegância do cavaleiro o impediria de atribuir culpa ao animal – suspendeu dramaticamente uma carreira brilhante. O episódio serviu para testar a inesgotável capacidade de resiliência deste carioca que consegue ser, em qualquer circunstância, tanto simpático, otimista e gentil como competente, criativo e realizador. Sem conseguir no momento movimentar braços e pernas, só a dedicação da família, amigos e médicos somados à força de vontade salvaram a vida de Pedro.

Não se trata aqui de mais um episódio sobre um executivo afastado bruscamente de suas atribuições por problemas de saúde. É que acima de sua atuação em empresas de peso como a Mesbla, Richard’s e Zara, Pedro é um tremendo ser humano. Apaixonado por vida e gente, ele é naturalmente agregador e sensível às necessidades do próximo. Por isto sua história profissional está recheada de situações onde coloca a aptidão gerencial a serviço dos indivíduos. E não o contrário, que costuma ser um lamentável padrão para a maioria dos que detêm o poder. Peço licença para ilustrar com um depoimento pessoal. Quando minha mãe, hoje com 94 anos, viajou há três anos pela Azul no dia do seu aniversário, eu pedi ao Pedro para fazer uma surpresa e registrar a ocasião através do alto-falante do avião. Ele fez muito mais: conseguiu que a tripulação puxasse um inesquecível coro de “parabéns para você” de todos os passageiros a bordo, com direito a bolo, fotos e beijinhos.

O livro “Maestro de Voo – Pedro Janot e Azul: Uma Vida em Desafios”, escrito pelo jornalista Edvaldo Pereira Lima, registra em detalhes esta trajetória diferenciada. Ela permite perceber que, apesar da luta para recuperar todos os seus movimentos que certamente vai vencer, neste momento Pedro conta com algo muito mais valioso. Ele é destes raros seres humanos dotado de asas que o capacitam a voar para onde quiser, na hora que escolher e para onde sua imaginação e vontade o guiarem, mas sempre em direção ao futuro.
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