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Como elefante na sala quem é “sem noção” incomoda os outros e ocupa todos os espaços

 

“Tenho um amigo que foi atropelado e está na UTI”, comentei um dia com um sujeito conhecido. Sem prestar atenção ao que disse, ele respondeu: “Preciso comprar pilha, o meu relógio parou”. Uma vizinha ganhou dele no aniversário um isqueiro. Ela agradeceu com um sorriso amarelo. “Você sabe que enfim consegui me livrar do vício”. “Dei o isqueiro caso você volte a fumar”, retrucou sem sequer se dar conta que não agradou.

Este conhecido faz parte da fauna dos “sem noção”. Não possui capacidade de perceber ou entender normas sociais e age de forma inadequada ou insensível. Nas conversas não ouve ninguém. Interrompe qualquer assunto para falar sobre ele e suas histórias, mesmo sem qualquer conexão com o tema discutido.

Se em um encontro amigos relatam experiências turísticas, em voz alta ele corta a conversa para contar a sua viagem, que é sempre para ele muito melhor. Ou então para revelar do nada que tem uma unha encravada, ou que precisa ir ao supermercado comprar bananas.

Todo “sem noção” só fala dele próprio. Ignora tentativas de interrupção de seu lero-lero, mesmo quando está repetindo a narrativa pela enésima vez. Com filtro de percepção defeituoso, ignora todos os sinais de quem não quer saber nada de sua vida.

O “sem noção” é pior que chato, que pelo menos tem algum “semancol” – que é em algum momento cair na real, deixar de ser inoportuno, e calar a boca. Como míssil descontrolado, este rei da insensibilidade dispara histórias, opiniões e comentários. Despreza olhares desaprovadores, que parecem causar efeito contrário, ao realimentar sua voracidade de pisotear sobre a paciência alheia.

Especializado em desconstruir encontros sociais, adota a tática de tornar vítima quem estiver mais próximo dele em um grupo. Aí inicia uma conversa paralela onde só ele fala e o interlocutor escuta, sem direito a interrupções.

O grande mistério é como consegue sobreviver sem ser banido do ambiente coletivo. É que nem sempre isto é possível. O “sem noção” pode ser um colega de trabalho, autoridade, parente, vizinho que frequenta áreas comuns, ou algo parecido. Com certeza você conhece pessoas assim. Como alento, se leu este texto até o final é provável que não seja um deles.

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