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“Por que esta comida esquisita, me vestem de palhaço, me tratam como criança, e não me dão apenas um osso?”

 

 

Gosto muito de cachorros, e temos em casa duas cadelas adoráveis – ou, para usar um modismo, somos felizes tutores da dupla. Aliás, desconfio de pessoas que não gostam cachorros, ou qualquer animal doméstico. Parece que os pets são dotados de sexto sentido para reconhecer boas e más índoles. Raramente se enganam.

Apesar disso, acredito que existe um limite natural que separa humanos de animais. Não sei o que você pensa, mas questiono tratar cachorros e gatos como gente. Não é só falar com seu bichinho com irritante vozinha infantil, mas se escravizar a ponto de depender de sua companhia em qualquer instância.

Quantos deixam de sair de casa, se divertir, visitar amigos ou viajar, para não largar seu cachorro num pet center, ou entregá-lo aos cuidados de outra pessoa? Passeador de cão virou profissão em expansão, mas isto só não resolve o problema. Cada vez mais onde vai o tutor (com sentimento de culpa) lá vai o pet junto. A onda se transformou em fonte de renda adicional até para as companhias aéreas. Não sei no Brasil, mas as norte-americanas faturam mais de US$2 milhões por ano em transporte de pets, valor que deve dobrar até 2032.

De olho nesta dependência, hotéis, restaurantes, shopping centers e cabeleireiros se mostram cada vez mais flexíveis em receber tutores acompanhados de gatos, cachorros, coelhos, tartarugas, aranhas, cobras e o que mais vier do mundo animal, mesmo que implique em inevitáveis cuidados intensivos de limpeza nas instalações.

Deste quesito já ouvi as histórias mais esdrúxulas. Nenhuma supera a despedida de um cachorro de pedigree que de tão velho já fazia hora extra na Terra. O casal resolveu levá-lo a uma última viagem à Alemanha para conhecer suas raízes. Pela idade avançada, decidiram pagar poltrona na primeira classe para o pet melhor enfrentar o voo prolongado. O animal não morreu; durou ainda vários anos. No inevitável final, o canino idoso foi instalado em UTI montado na sala de visitas, recebendo atendimento médico e enfermagem 24 horas. Foi-se da vida em grande estilo.

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